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Linguagem dos Anjos

Aceita-se que a linguagem tenha se desenvolvido em algum momento no Neolítico, passando a ser registrada como escrita (visão acadêmica) em cerca de 3.200 aec, na Mesopotâmia.

Com a invenção da imprensa, o processo de registrar o conhecimento tornou-se mais simples, dispensando os escribas copiadores, particularmente os dos mosteiros.

Meu avô me ensinou a ler por volta dos quatro anos de idade. Com cinco, eu já começava a escrever. Meu universo se ampliou vertiginosamente à medida que lia os livros disponíveis e aqueles que busquei em bibliotecas.

Graças às leituras variadas, o meu vocabulário e domínio da linguagem se tornaram tão extensos a ponto de começar a elaborar raciocínios cada vez mais complexos. Consequentemente, passei a escrever, registrando-os. Meu primeiro artigo foi publicado quando tinha quinze anos e resultou em prisão, por ser considerado inadmissível (estudava na EsPCEx e o artigo versava sobre a relação da explosão demográfica e o potencial de crescimento da produção de alimentos).

Escrevo e publico desde então. Já quase fui preso em duas outras oportunidades (estudei em duas ocasiões em escolas militares) por minhas reflexões e pontos de vista. Tornei-me professor e o volume escrito se tornou ainda maior. Continuo lendo e escrevendo muito.

E, numa destas leituras, deparei-me com uma frase simples de Rudolf Steiner, que menciona que os anjos não sabem ler nem escrever. Meu mundo caiu por terra diante de uma constatação desta natureza. Absurdamente óbvia, esta afirmação contém implicações contundentes.

  • Defendo o ponto de vista que o universo se manifesta através de um código binário: “O um gera o dois, que gera todas as coisas”, como preconiza o Tao.
  • Uma vez que exista linguagem (binária) e não necessariamente uma escrita, o nosso destino não está escrito nas estrelas.
  • A linguagem arcangélica de John Dee é uma falácia, bem como, seu sistema de magia (eu já suspeitava disso estudando a sua biografia).
  • A história do surgimento das letras hebraicas, das runas e outros alfabetos tornam-se mitos.
  • Os textos sagrados sempre se referem ao poder do som ou das palavras enquanto força criativa ou geradora. Palavras são resultantes de pensamentos, que são carregados de imagens. Assim, o elemento importante torna-se a imagem, que se combina com o pensamento, expresso através de vocábulos.
  • No meio místico, muita ênfase é dada ao estudo dos símbolos, particularmente aqueles resultantes de figuras geométricas (ponto, círculo, reta, cruz, triângulo, quadrado, etc…)

Estas são apenas algumas primeiras conclusões. Você encontrará outras e peço a gentileza de incluí-las nos comentários. Mas o ponto chave é que as palavras sem dúvida tem poder, mas uma vez escritas, este poder se engessa e se perde.

Em relação à linguagem, a escrita é como uma escultura, sem flexibilidade e maleabilidade. Ao contrário, a palavra, quando proferida, vocalizada, tem sonoridade, tonalidade e portanto, o poder harmonizador e criador, seja anabólico ou catabólico.

Quer um exemplo? Se você liga por engano para alguém e falar coisas indevidas, poderá facilmente se desculpar. O que acontece se enviar uma mensagem indevida de texto pelo WhatsApp à pessoa errada? Dependendo do que tiver enviado, pode ser bem difícil se desculpar. E o assunto ainda renderá outras consequências.

Isto ocorre porque as palavras escritas não tem entonação. Ou seja, não portam as emoções que distinguem a direção da conversa. Bem… Diz-se que a energia do universo é o Amor, um tipo particular de emoção. Portanto, a linguagem dos anjos deve se assemelhar a cantos. No Apocalipse, tocam trombetas; em outras passagens, prestam louvor ao Eterno através de cânticos…

Fechou?

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